Dizem que o poder vicia e muitos gostam da posição de comandando. As imagens mostram como eram estas pessoas ao assumirem o poder e como estão agora.
Esta semana nosso convidado especial é Bruno de Castro, historiador formado pela UFRJ, professor e blogueiro honorário. O Fuçador de informações digitais e ilustrador escreveu este ótimo texto exclusivo para o Diplomassinha. Uma análise sobre os Muros, que ao longo da história, separam pessoas, culturas e povos.
Por Bruno Castro
Aos duzentos e vinte anos antes de Cristo, aproximadamente, os chineses começaram a construir sua grande muralha. Com o passar dos séculos, esta se tornou a maior de todas as muralhas do mundo. Mongóis que deveriam ser parados não o foram. Hoje a China não teme invasões. Muralha da China, 220 a.C.-.
A Inglaterra conta com uma muralha, atravessando a ilha, próxima a fronteira com a Escócia. Foi construída por Adriano (76-138), imperador Romano, no século II. Sua intenção era proteger a fronteira de um império grande demais contra os povos “bárbaros”, pictos e escotos (ESCOTOS eu disse, não seja maldoso). O império recuou, os “bárbaros” entraram e, por sua vez, foram invadidos pela fé cristã de uma igreja romana para a qual não houve barreira. Muralha de Adriano, século II-.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, URSS, EUA, Inglaterra e França dividiram a Alemanha derrotada em territórios controlados. Três territórios ocupados por forças capitalistas, um socialista. Resultados: 65 quilômetros de muro dividindo a capital alemã, famílias, amigos, pessoas mortas e uma festa quando a marreta o derrubou. Muro de Berlim, 1961-1989.
Conheça algumas histórias sobre o Muro de Berlin
Os judeus guardam duas histórias interessantes com os muros. Na primeira, estes serviram para isolá-los em guetos na Alemanha nazista. Os guetos eram a materialização espacial de uma condição que não permitia a judeus ocupar cargos públicos ou casar com quem entendessem. Estes muros tiveram uma variante: as cercas dos campos de concentração, onde judeus não só eram isolados, mas também exterminados.
A segunda história coloca os judeus em um papel diferente da primeira. Em 2002 o governo de Israel começou a construção de um muro isolando a Cisjordânia, ocupada por muçulmanos. Por décadas seguidas a região é palco de guerras entre estes e os judeus. A obra ainda não está terminada, ao final terá 721 Km de extensão e terá roubado 10% do território da Cisjordânia para Israel. A construção, condenada pelo tribunal da ONU, prossegue. Muro da Cisjordânia, 2002-.
Entenda o crescimento de Israel sobre terras palestinas
Começou o cercamento de favelas no Rio de Janeiro. Com o pretexto de preservar as matas da cidade, o governo começou a construir muros em limites de favelas. A medida não afeta o crescimento de condomínios com terrenos caros, que da mesma forma ocupam territórios a serem preservados. Ao que parece, querem impedir o avanço de pessoas pobres sobre a natureza, ou sobre qualquer coisa.
O município do Rio de Janeiro possui défcit habitacional acima de 500.000 domicílios e crescimento demográfico de 1,3% ao ano. Temos uma das maiores desigualdades sociais do mundo, o que coloca parte considerável da população impossibilitada de ter acesso a terra por meio convencional, a compra. Buscamos uma solução para o problema construindo muros, afinal, quem sabe assim as pessoas não param com a mania de morar em algum lugar.
Uma questão semântica. Segundo jornalista do jornal O Globo "o investimento será de 40 milhões de reais". Não sei quantas casas podem representar este dinheiro, que é nosso, nem foi isso o que mais me chamou atenção, a primeira vista. Rapidamente arruma-se desculpas técnicas, com discursos bem amarrados, baseados em sei lá o que, para justificar este gasto. Mas investimento? Como assim?
Vejo um mundo em que cidadãos, habitantes de áreas pobres, não derrubarão muros construídos pelo Estado para impedir o seu avanço… Ops! Acho que dormi. Imagino o muro poupando dinheiro do cidadão, afinal, uma parede já está pronta, só faltam três para morar. Segundo os técnicos é de concreto, deve valorizar o imóvel.
No caso acima, podemos colocar fiscais armados (polícia, ou quem sabe o exército) que garantam o respeito a obra pública. A pressão sendo muita, resta a opção de diminuí-la reduzindo a população habitante de áreas irregulares com crescimento desordenado (favelas), alguns projetos do gênero foram aplicados eficazmente na Alemanha. Podemos contar com o aval da igreja de Adolf Hatzinger nesta iniciativa.
Alguém pensou em distribuição de renda???
Heil Cabral! Finalmente temos nosso muro.
Confira o Blog de Bruno Castro Então Sebastião
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